Quando uma doença grave como o câncer afeta a saúde de alguém, a mudança na rotina, no corpo e nos planos futuros causam muito desconforto emocional para o paciente e também para as pessoas mais próximas. Não é simples lidar com situações como os laudos de exames, por exemplo, em que a leitura dos resultados feita por um leigo pode gerar ansiedade até o dia da próxima consulta médica para esclarecimentos.
Os sentimentos de angústia e tristeza podem permear muitas etapas desde a compreensão real do diagnóstico até as inúmeras dúvidas a respeito do pré e pós-operatório, dos efeitos da quimioterapia, como a queda de cabelo ou o cansaço decorrente das sessões de radioterapia. É normal sentir medo diante dessas situações desconhecidas e ter pensamentos frequentes sobre as perspectivas para o futuro. No entanto, a pessoa que está enfrentando a enfermidade, seus familiares e amigos devem ficar atentos a alguns sinais que podem caracterizar distúrbios emocionais e revelar a necessidade de apoio profissional, conforme enumera a Dra. Lorena Caleffi, psiquiatra do Núcleo da Mama do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre:
- Humor triste ou deprimido a maior parte do dia quase todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas;
- Perda de interesse ou prazer nas atividades diárias, por pelo menos duas semanas;
- Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida (com ou sem plano), tentativa de suicídio;
- Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva/inadequada.
Os distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão fragilizam quem já está passando por terapias agressivas, por isso, algumas pessoas têm receio de utilizar ansiolíticos e antidepressivos. Pensam sobre os efeitos colaterais como a possibilidade de engordar e diminuição da libido, interferência com os medicamentos utilizados para o combate do câncer, dependência e tempo de duração.
De modo geral, os antidepressivos são utilizados por um período determinado, dependendo de cada caso, e sua descontinuação deve ser acompanhada. Existem diferentes alternativas e indicações, um diálogo aberto com psicólogos e psiquiatras e a supervisão do oncologista que está conduzindo o tratamento pode trazer bem-estar, conforto e força para quem vive essa montanha-russa de emoções.
Quem busca tratamento e restaura a saúde emocional consegue ter uma melhor convivência em família, escolher novas atividades e hábitos que gerem satisfação como dançar, realizar algum trabalho voluntário e se redescobrir. Afinal, um novo olhar sobre a vida e atitudes positivas são verdadeiras recompensas para quem superou um câncer. Conversar com os médicos, ler sobre o assunto e conhecer histórias vitoriosas também podem ajudar nesse processo.