A mamografia é o principal exame para detectar o câncer de mama, consiste em obtenção de radiografias de baixa dosagem que visam demonstrar alterações no tecido mamário. Com o intuito de estabelecer padrões para que o exame seja eficaz e não traga danos à saúde da paciente, existem programas de rastreamento mamográfico que verificam a qualidade das mamografias
Além de os mesmos reivindicarem controle de qualidade dos exames e seus laudos, também atuam em prol do uso seguro da radiação, assim promovendo a qualidade da mamografia no Brasil.
A FEMAMA acredita que as ações para padronização de exames para rastreamento de câncer de mama e esclarecimentos à população sobre o controle de qualidade dos mesmos precisam ser fomentados. Somente assim é possível salvar vidas e oferecer qualidade de vida para as mulheres brasileiras.
O que mostram as mamografias e como funcionam?
As mamografias ajudam os profissionais de saúde a decidir se mais exames são necessários ao apontar anormalidades nas mamas. Os principais tipos de alterações mamárias encontradas na mamografia são calcificações e nódulos.
As mamografias também ajudam os médicos a decidir se exames adicionais são necessários ao revelar eventual achado radiográfico com potencial de corresponder a câncer na mama. As complementações mais comuns são a ultrassonografia e exame por imagem de ressonância magnética
O equipamento no qual são realizadas as radiografias das mamas chama-se mamógrafo, ele possui uma placa para compressão da mama durante a realização do exame. A compressão mamária é desconfortável, mas necessária e importante, pois espalha o tecido da mama, melhora a qualidade da imagem gerada podendo facilitar a observação de uma alteração, e, ao mesmo tempo, reduz a quantidade de radiação que atinge a glândula mamária ao reduzir o volume de tecido a ser examinado.
Nos últimos anos, tem ocorrido transição de mamógrafos com tecnologia analógica – que utiliza filme e revelação em processadora específica para mamografia -, para mamógrafos digitais – que geram imagens que são analisadas em monitores especiais de alta resolução, não necessitando o processo de revelação de filmes. No entanto, tanto nos exames com equipamentos analógicos, quanto digitais, a compressão mamária é necessária.
Controles de qualidade da mamografia
O câncer de mama é o mais frequente e, também, a principal razão de morte por câncer entre as mulheres ao redor do mundo. Assim sendo, o rastreamento e a qualidade da mamografia são fundamentais para a redução da mortalidade.
Nos Estado Unidos, a queda na mortalidade pela doença foi de 30% desde 1990, momento em que foram iniciados os programas de rastreamento com mamografia. Na Suécia, a redução chegou a 30%.
Em 2012, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), estabeleceram, com auxílio da Comissão Nacional de Mamografia, os indicativos para o rastreamento por imagem do câncer de mama no Brasil.
O risco de uma mulher desenvolver câncer de mama ao longo da vida no Brasil é de 8%, assim sendo, uma em cada doze mulheres terá câncer de mama ao longo da vida. Por isso, a recomendação da FEMAMA, Sociedade Brasileira de Mastologia, Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e Colégio Brasileiro de Radiologia é de que o início do rastreamento se dê por meio da realização de mamografia a partir dos 40 anos de idade, com intervalos de um ano.
Desde 2013, há o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia, promovido pelo Ministério da Saúde, com os objetivos de:
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Implementar ações nacionais com a finalidade de aprimorar a qualidade da mamografia
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Elaborar e implementar instrumentos de garantia da qualidade da imagem, do laudo/diagnóstico e da dose de radiação empregada (controle de risco)
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Elaborar critérios para o credenciamento e monitoramento contínuo dos serviços de mamografia públicos ou privados, vinculados ou não ao SUS (Portaria GM/MS 2898/2013)
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Elaborar e implementar um sistema automatizado de coleta, processamento e gerenciamento de informações
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Qualificar os recursos humanos para contribuir com a qualidade dos serviços de mamografia
Requisitos técnicos para controle de qualidade da mamografia
De acordo com a Portaria nº 453/98, os requisitos que precisam estar de acordo são:
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Fabricante e modelo dos mamógrafos e processadoras
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Operação do controle automático de exposição
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Alinhamento do campo de raios X
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Força de compressão
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Alinhamento da placa de compressão
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Integridade dos chassis
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Padrão de qualidade de imagem
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Padrão de desempenho da imagem em mamografia
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Qualidade do processamento
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Sensitometria e limpeza dos chassis
Nesse sentido, o radiologista, para assegurar a qualidade de mamografia, precisa:
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Realizar a câmara clara, indicando incidências adicionais e manobras para esclarecer o caso
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Dar os laudos, seguindo a padronização do serviço
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Supervisionar o trabalho das técnicas
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Coordenar as ações de controle de qualidade de mamografia
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Verificação da manutenção dos aparelhos
E o técnico em Radiologia precisa:
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Preencher corretamente a ficha de anamnese, assinalando nódulos, cicatrizes, verrugas etc.
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Planejar cada exame, de acordo com o caso, escolhendo a técnica radiográfica (saber o que fazer, como e por quê, implica em evitar exposições desnecessárias para a paciente, conservação do aparelho e economia de filme)
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Mostrar o exame ao médico da câmara clara e liberar a paciente
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Deixar as mamografias em ordem, para liberação pelo médico responsável
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Zelar pela manutenção da ordem no ambiente de trabalho
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Verificar e/ou executar a limpeza do material – écrans (diária, antes do início dos exames, utilizando compressa cirúrgica), câmara escura (diária), processadora (semanal)
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Fazer e/ou repor os químicos na processadora
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Acompanhar a manutenção do mamógrafo e da processadora. 97 Instituto Nacional de Câncer / MS
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Comunicar ao médico responsável se houver mal funcionamento de qualquer aparelho
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Zelar pela conservação do material – écrans, numerador, acessórios do mamógrafo
A mamografia pode apontar resultados falsos?
Sendo o exame básico a ser realizado, caso o médico note alguma anormalidade nas mamas, ele irá pedir exames extras, como ultrassom, ressonância magnética ou mesmo uma biópsia.
Resultados falso-positivos tendem a ocorrer mais em mulheres mais jovens, com seios densos. Saiba mais sobre esse assunto aqui.
Realize seu acompanhamento médico com frequência, especialmente se você já tem 40 anos ou mais. Caso tenha familiares que tiveram diagnóstico de câncer de mama, converse com seu médico, pois pode ser recomendado exames de rastreio em faixa etária distinta e a estratégia para rastreamento será definida de modo personalizado.