O câncer de mama inflamatório é subtipo pouco frequente, representando cerca de 1 a 3% dos casos de câncer de mama do mundo, segundo dados da Sociedade Americana de Câncer (ACS). Apesar de sua baixa incidência, esse tipo pode ter um prognóstico pior devido ao estágio de desenvolvimento que é encontrado normalmente. Como sua ocorrência é baixa, pouco se divulga sobre esse tipo de carcinoma deixando dúvidas nos poucos, porém significativos, pacientes que o portam.
O carcinoma inflamatório de mama tem como principal característica o estágio avançado em que se encontra no momento do diagnóstico. Isso se deve a velocidade em que se desenvolve. Esse câncer é capaz de se espalhar rapidamente, a partir do seu ponto de origem, para os tecidos, e possivelmente para os linfonodos próximos. A sua velocidade de evolução faz com que haja uma reação inflamatória intensa em toda área afetada.
Alguns casos apresentam a ausência de nódulos primários na região inflamada da mama o que dificulta o diagnóstico, fazendo com que esse seja tardio. Entretanto, outros sintomas podem ser observados mesmo com a falta de nódulos na mama. Os mais alarmantes são: dores, vermelhidão e ardor nas mamas; calor incomum na área afetada; alterações na pele do local afetado (tipicamente uma aparência de “casca de laranja”); inversão do mamilo (para dentro); prurido na região e até mesmo aumento do peso da mama inflamada em comparação a outra não afetada.
De fato, o calor, a vermelhidão e a coceira são os sintomas mais comuns dessa patologia. Mas são igualmente sintomas de mastite, caso a paciente esteja gestante ou em período de amamentação. Por haver equivalência de sintomas muitos médicos podem,inicialmente, suspeitar de uma infecção e tratá-la com antibióticos. O diagnóstico de câncer inflamatório só é confirmado após testes e exames complementares como os exames de imagem(mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética das mamas) e a biópsia, por exemplo.
A forma mais correta de se detectar precocemente a doença é mantendo a regularidade de consultas médicas e exames de rastreamento. Sendo assim,pacientes com renda mais baixa que não possuem acesso ao sistema de saúde, ou que não realizem rotineiramente os exames necessários estão mais propensas a serem diagnosticada com câncer da mama inflamatório. Outros fatores de risco incluem ingestão de álcool, genética (mutação nos genes BRCA1 e BRCA2), primeira gestação tardia(após os 40 anos); histórico de terapia de reposição hormonal; obesidade desenvolvida na pós-menopausa; exposição à radiação nas mamas, entre outros.
Como e quando esse câncer ocorre?
O câncer inflamatório ocorre quando os ductos linfáticos que existem na pele sobre o tecido mamário são bloqueadas pelas células tumorais. O sistema linfático ajuda na defesa do corpo contra infecções e inflamações e, uma vez obstruído,desenvolve uma reação em cadeira ocasionando a inflamação da mama.
Como é o tratamento?
Por representar um estágio mais avançado na hora do diagnóstico as pacientes portadoras dessa patologia dificilmente serão candidatas à cirurgia como tratamento inicial. A realidade é que o tratamento vai depender do tipo de inflamação observado, já que o termo carcinoma inflamatório refere-se apenas ao estadiamento do câncer.
O estadiamento diz respeito aos aspectos que o câncer apresenta nos resultados dos exames, tais como localização,raio de disseminação e se já está afetando as funções de órgãos vizinhos. Os critérios para definir o estágio do câncer são: o próprio tumor (tamanho primário e disseminação para outras áreas), os linfonodos ao redor do tumor(incidência da doença nos linfonodos e evidências de metástase em trânsito) e o raio de alcance deste – metástase (presença de metástase em outras partes do corpo).
Como as pacientes geralmente não são candidatas ideais para a cirurgia como tratamento, essas serão tratadas de maneira sistêmica (dirigido a todas as células do corpo), concomitante com um tratamento local (dirigido às células cancerígenas).
A quimioterapia, seguida da cirurgia e então radioterapia é uma combinação que pode ser utilizada com frequência nos casos de carcinoma inflamatório. Outros tratamentos com trastuzumabe ou hormônios podem ser administrados nas pacientes, mas isso vai depender de cada caso específico. Apesar de ser um câncer de rápida evolução, tem grandes chances de cura para esta patologia.