
O grande número de pessoas infectadas pelo vírus influenza causado pelo H1N1 recentemente no Brasil, tem gerado preocupação quanto à prevenção, sintomas e tratamento. Entre pacientes com câncer, têm surgido dúvidas bastantes específicas. Por isso, conversamos com o oncologista Dr. Ricardo Caponero, presidente do conselho científico da FEMAMA, para esclarecer as principais:
1) A vacina da gripe H1N1 tem alguma contraindicação para pacientes em tratamento do câncer?
Há duas vacinas disponíveis: a trivalente e a tetravalente (ou quadrivalente). São os seguintes os antígenos nelas contidos:
– Trivalente: A (H1N1); A (H3N2); Influenza B (subtipo Brisbane);
– Tetra ou Quadrivalente: A (H1N1); A (H3N2); 2 vírus Influenza B (subtipos Brisbane e Phuket).
A vacina contra a influenza (gripe) é inativada, contendo vírus mortos, fracionados ou em subunidades não podendo, portanto, causar gripe. Quadros respiratórios simultâneos podem ocorrer sem relação causa-efeito com a vacina. Assim sendo, não há nenhuma contraindicação para pacientes em tratamento do câncer.
2) Em pacientes com câncer, a vacina pode provocar algum efeito colateral diferente dos efeitos já esperados em pessoas sem neoplasia?
Não. Os eventos adversos são absolutamente idênticos aos da população em geral. De acordo com o Ministério da Saúde, as vacinas têm um perfil de segurança excelente e são bem toleradas. Em alguns casos podem ocorrer manifestações de dor no local da injeção ou endurecimento e surgimento de nódulo macio. Estes abscessos, geralmente, encontram-se associados à infecção secundária ou erros de técnica de aplicação. Pessoas que não tiveram contato anterior com os antígenos – substâncias que provocam a formação de anticorpos específicos – podem apresentar mal-estar, mialgia (dor muscular) ou febre entre 6 e 12 horas após a vacinação. Todas estas ocorrências tendem a ser resolvidas em 48 horas.
3) A vacina oferece a mesma eficácia imunológica aos pacientes em tratamento contra o câncer?
Não foram feitos estudos específicos, mas teoricamente a proteção é a mesma, exceto para paciente em uso de tratamentos imunossupressores (que suprime ou reduz as reações imunológicas específicas do organismo contra um antígeno).
4) O vírus influenza apresenta mais riscos para um paciente com câncer?
Sim. Num paciente com câncer, qualquer doença concomitante pode contribuir para maior debilidade do organismo. Além do que, a ocorrência de febre no dia da aplicação da quimioterapia pode causar a suspensão da dose daquele dia.
5) Quais são as outras formas que o paciente pode encontrar para se prevenir do vírus?
– Lavar frequentemente as mãos com bastante água e sabão ou desinfetá-las com produtos à base de álcool;
– Jogar fora os lenços descartáveis usados para cobrir a boca e o nariz, ao tossir ou espirrar;
– Evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes;
– Não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz depois de ter tocado em objetos de uso coletivo;
– Não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal;
– Suspender, na medida do possível, as viagens para os lugares onde haja casos da doença;
– Procurar assistência médica se surgirem sintomas que possam ser confundidos com os da infecção pelo vírus H1N1 da influenza tipo A.