O 9º Fórum de Combate ao Câncer da Mulher reuniu especialistas da oncologia e ONGs associadas da #RedeFEMAMA para discutir o cenário do câncer feminino no Brasil. Durante a abertura a Dra Maira Caleffi, mastologista, Chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento e Presidente Voluntária de Femama, enfatizou a importância da Rede, levando em conta a estimativa de aumento de casos dos cânceres femininos com os dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer – INCA. “O câncer não espera, por isso precisamos levar a informação a todos e fazer valer as leis dos 30 e 60 dias”, enfatizou a Dra. Confira os principais destaques do Fórum, que aconteceu nos dias 25 e 26 de novembro de 2022 em São Paulo (SP).
Fórum – 1° Dia
Urgência no diagnóstico
Em palestra durante o evento, o Dr. Bruno Aquino Marcelino, cirurgião Oncológico pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais, reforçou a importância da atenção primária. “Ela é primordial para o diagnóstico precoce do câncer. É uma longa jornada dentro da rede, mas se conheceremos os recursos e usarmos isso a nosso favor, o paciente é beneficiado e o sistema também. Os casos chegam mais tratáveis e com custo menor”, explica o médico.
Cumprimento da legislação e empoderamento do SUS
Com relação aos direitos dos pacientes, Dra. Maira Caleffi propôs uma provocação aos participantes do Fórum com a proposição: “A Lei dos 60 dias hoje é cumprida porque temos um marco que é . Mas qual é o dia 1 para começarmos a contar a Lei dos 30 dias? Vamos aproveitar nosso Fórum e trazer essa reflexão importante para construirmos essa resposta em Rede e exigir o cumprimento da lei”, encoraja.
A médica ponderou que é necessário desmistificar que ao iniciar o rastreio da doença oncológica na saúde suplementar não será possível fazer o tratamento via SUS. “Precisamos empoderar o SUS, é uma cobertura universal, todos têm direito. Outro ponto importante quando falamos do sistema, é investir em recursos no que é mais eficaz, por isso a importância da atenção primária”, esclareceu Dra. Maira.
A importância da tecnologia
A palestrante Alessandra Viviane Martins Marques, fisioterapeuta, falou sobre as tecnologias aliadas à oncologia. A especialista focou na explicação de como a plataforma de saúde digital utiliza a inteligência artificial para o diagnóstico precoce. Detalhou que o WeConecta, por meio da assistente virtual Victoria, atua no cuidado com a saúde da mulher e na prevenção do câncer de mama. Viviane explica que após o preenchimento com os dados pessoais, o aplicativo envia alertas com lembretes sobre as consultas de rotina e a realização dos exames, entre outros benefícios.
Navegação como aliada
Tamara Teixeira, enfermeira oncologista e doutoranda da EPE/UNIFESP, explicou aos presentes o que é a navegação e a importância desse trabalho para os pacientes oncológicos. Na parte da tarde, Talita de Souza Matos – responsável técnica e navegadora da Asfecer (Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer), e Daniele Castelo Branco Pires Rebouças – terapeuta ocupacional e gestora da Associação Nossa Casa, trouxeram cases que elucidaram como a navegação de pacientes funciona na prática. Ainda no âmbito da navegação, Lucy Bonazzi, psicóloga clínica e vice-presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul – IMAMA, expôs as dificuldades que os pacientes têm na área da saúde mental, como ajudá-los nesse momento delicado quando recebem o diagnóstico. “Navegação é andar de mãos dadas com esse paciente, iluminando esse caminho. É fortalecer as esperanças, ter alguém ouvindo essas pessoas”, afirma a psicóloga.
Educar para fortalecer
Na palestra sobre “Incorporação de Tecnologias em Saúde”, Soraya Araújo, psicóloga e doutora em Saúde Pública pela Universidade São Paulo e Pós-Doutoranda em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade de Lisboa, explanou de forma didática como as novas tecnologias de saúde são incorporadas ao SUS. “Nosso principal desafio é ensinar a comunidade a atuar além das campanhas, um dos desafios é educar a população de forma simples. As consultas públicas precisam ter mais participação para que nossa opinião seja levada em consideração”, pondera.
CNS e as ONGs
Para encerrar o primeiro dia de Fórum, as palestrantes Ana Clebea Pinto de Medeiros, assistente social e presidente da Associação de Apoio aos Portadores com Câncer, em de Mossoró e Região (AAPCMR), e Débora Raymundo Melecchi, farmacêutica e vice-presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos, ambas integrantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), explicaram como funciona o Conselho, bem como a importância da 17ª Conferência Nacional de Saúde de 2023 (que ocorre a cada quatro anos), e como as ONG’s associadas poderão levar as demandas da população e colaborar com as políticas públicas de saúde.
Fórum – 2° Dia
O primeiro dia do Fórum foi composto por palestras informativas e orientações atualizadas sobre tecnologias e políticas públicas para o câncer de mama. Já o segundo dia foi dedicado ao fortalecimento da #RedeFEMAMA, com dinâmicas de grupo entre as ONGs conduzida pela Artisan Consultoria. O propósito foi aproximá-las, identificando suas dores e desafios comuns e criar um cenário de compartilhamento e união que permita um trabalho de rede mais estratégico e coordenado em 2023.
“O objetivo desse encontro é o encontro mesmo, unir as pessoas para refletir, compartilhar e preparar-se para agir de forma mais cooperativa e efetiva. Cada um de nós vive sua areia movediça própria e, às vezes, mesmo vivendo as mesmas dificuldades, falta oportunidade de conexão. Estamos aqui para isso. Vamos fazer mais juntos, somos uma rede e essa é a nossa força”, engaja Dra. Maira.
Após o discurso da Dra. Maira, as participantes foram convidadas a observar o cenário atual, avaliá-lo em grupo e definir diretrizes para ações mais efetivas em 2023. No final da dinâmica foram consolidados 3 GT (Grupos de Trabalho) que conduzirão os temas mais sensíveis de desafiadores para a Rede Femama. A partir de 2023, as ONGs terão esses núcleos de apoio de trabalho focados em Captação de Recursos, Advocacy e Gestão do Voluntariado, que representam os temas eleitos como os mais desafiadores para a condução dos trabalhos das ONGs.
A ideia é compartilhar conhecimentos, dicas e orientações sobre esse núcleos temáticos para futuramente identificar as ações de sucesso e replicá-las nas diferentes ONGs. Um trabalho extremamente valioso em um cenário suficientemente desafiador. “Na Inglaterra e nos EUA o câncer já apresentou curvas de declínio mas aqui no Brasil não. Devemos nos perguntar por que não uma vez que a doença é a mesma em qualquer país. A resposta é que aqui é tudo mais difícil, as condições, os acessos e as políticas. Por isso temos que nos fortalecer cada vez mais e atuar sempre como Rede. Só assim seremos ouvidas”, finalizou Dra. Maira no fechamento da dinâmica.
Na parte da tarde ocorreu a Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária, onde foram apresentados aspectos administrativos às ONGs associadas, bem como informações relacionadas aos projetos desenvolvidos pela FEMAMA em 2021. Ainda, ocorreu a votação das pautas prioritárias para a #RedeFEMAMA para o ano de 2023. São elas:
- Oncologia na Atenção Básica;
- Testes genéticos/genômicos (PL 265);
- Incorporação de novos medicamentos;
- Cumprimento de leis existentes;
- Navegação;
- Melhoria da qualidade de vida.
O 9º Fórum de Combate ao Câncer da Mulher é uma realização da FEMAMA, com investimento social das empresas Astrazeneca, Daiichi-Sankyo, LIBBS, MSD e Novartis. Clique aqui para acessar o álbum de fotos do evento em nosso Facebook!