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Ampliando olhares sobre o câncer de mama metastático

O câncer de mama é considerado metastático, quando as células cancerígenas atingem outras partes do corpo, originando tumores em diferentes órgãos. Essa fase da doença é conhecida como estágio IV. Esse processo acontece quando as células afetadas entram na corrente sanguínea e no sistema linfático e acabam formando um novo tumor. O câncer de mama metastático pode ser detectado ainda no primeiro diagnóstico. Porém, o mais comum é que a metástase ocorra meses ou até anos após a paciente ter completado o tratamento para o câncer de mama inicial (estágios I e II) ou localmente avançado (estágio III), um tipo de câncer que evoluiu, mas ainda está situado na região da mama.

O diagnóstico de metástase gera forte impacto na vida da paciente e dos seus familiares, pois pouco se sabe sobre as alternativas de tratamento. Nessa fase, tratamentos específicos fazem toda a diferença no controle da doença, prolongando a vida com mais qualidade. A pesquisa realizada pela Harris Interactive, “Conte-nos, conheça-nos, junte-se a nós”, realizada entre 2012 e 2013, revela que mulheres brasileiras que vivem com câncer de mama avançado enfrentam desafios diferentes das pacientes em fases iniciais da doença. O principal problema relatado é a falta de informações específicas sobre a doença, segundo 62% das mulheres entrevistadas.

De acordo com a pesquisa, cerca de metade dessas mulheres sentem que ninguém entende o que elas estão enfrentando: elas querem ser melhor compreendidas. Muitas dessas pacientes sentem impactos em sua qualidade de vida, pois 74% delas afirmam que sua saúde emocional foi negativamente afetada, enquanto 66% delas precisaram parar de trabalhar por um determinado período. Mais 90% das mulheres entrevistas acreditam quem materiais informativos sobre câncer de mama metastático ajudariam seus amigos e familiares e compreenderem.

Atualmente, já se sabe que, em 5% das vezes, a paciente desenvolve metástase antes do câncer na própria mama se formar. Quando isso ocorre, as células cancerígenas se desprendem da mama através da corrente sanguínea e podem ficar “adormecidas” por um longo período em outro órgão. Anos mais tarde, as células podem, então, ser “acordadas”, como se um botão de crescimento fosse pressionado, segundo informações publicadas na Revista Nature.

No Brasil, dados do TCU (2010) apontam que cerca de 50% dosdiagnósticos de câncer de mama realizados na rede pública da saúde já encontram-se nos estágios mais avançados (III ou IV). Infelizmente, há mais de dez anos, nenhum novo medicamento é adotado pelo SUS para atender aessa demanda. Com este cenário, as pacientes da rede privada podem viver até três vezes mais tempo do que as usuárias da rede pública. A grande representatividade de pacientes com câncer de mama avançado na rede pública, a possibilidade da doença apresentar recorrência e o desconhecimento da população sobre o assunto são motivos de alerta.

Então, o que é possível fazer para trazer mais visibilidade ao câncer de mama metastático?

INFORMAR: É necessário informar a todas as mulheres, principalmente as pacientes, sobre os tratamentos disponíveis para o câncer de mama avançado e sobre como lidar com a doença. E também explicar para o público em geral as diferenças entre os estágios da doença. O foco do tratamento nesta fase não é a cura, mas o controle da doença e a manutenção da qualidade de vida. Não há um padrão de tratamento universal para o câncer de mama metastático, pois tudo depende do quadro de cada paciente. Somente o médico poderá determinar as melhores alternativas e discutir o rumo do tratamento com cada pessoa.

EMPODERAR: Quando as mulheres usam suas histórias e suas vozes para chamar atenção para as suas necessidades específicas, mobilizam autoridades para inclusão de medicamentos e de políticas públicas capazes de proporcionar mais qualidade de vida para pacientes nesta situação.

REINVINDICAR: Lutar pela inclusão de medicamentos avançados no SUS e mais pesquisas focadas em encontrar terapias adequadas, equiparando o câncer de mama metastático a outras doenças crônicas como o diabetes ou a AIDS.

O trastuzumabe, por exemplo, medicação utilizada contra um tipo de câncer de mama, integra a lista modelo da OMS. No nosso país, o medicamento está disponível para combater o câncer de mama metastático apenas em alguns estados e também na rede privada de saúde. Outro tratamento inovador, contemplado apenas na rede privada do país, é o everolimo, cujos estudos clínicos demonstram maior sobrevida sem progressão da doença e mais qualidade de vida. Atualmente, estuda-se incorporar ao SUS a terapia combinada de trastuzumabe e pertuzumabe que, de acordo com estudos recentes, demonstra ser o melhor tratamento para pacientes metastáticas com HER2 positiva, um tipo específico da doença.

A FEMAMA luta para que medicamentos mais efetivos e específicos, de alta tecnologia, estejam acessíveis para pessoas com câncer de mama metastático no Sistema Único de Saúde (SUS). As pacientes merecem mais perspectiva de tempo e de qualidade de vida.

 

UPDATE: Em abril e dezembro de 2017, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão dos medicamentos trastuzumabe e pertuzumabe, respectivamente, para tratamento de pacientes com câncer de mama metastático no SUS. No entanto, desde então, estas pacientes ainda enfrentam dificuldades de acesso na obtenção dos tratamentos em vários estados do Brasil. Se você está passando por isso ou conhece alguém que está, realize uma denúncia, enviando um e-mail para institucional@femama.org.br.

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