O Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS) e a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) realizaram o Fórum Iniciativas Inovadoras no Controle do Câncer de Mama em Pirenópolis (GO), no dia 18 de maio. O evento aconteceu em paralelo à edição de 2019 do Brazilian Breast Cancer Symposium, voltado à discussão científica.
O Fórum se propôs a apresentar projetos inscritos e selecionados que utilizaram inovação social no controle do câncer de mama no país. Os três melhores casos foram revelados no dia do evento e premiados pelo uso da inovação, pelo impacto gerado e pela apresentação realizada.
Em primeiro lugar, o projeto “Predição de atendimento à Lei dos 60 dias dentro do programa de navegação de pacientes com câncer de mama no Rio de Janeiro”, apresentado por Sandra Gioia, trouxe um estudo aplicado sobre como o uso de técnicas de machine learning (aprendizado de máquina) pode ajudar no processo de análise sobre o cumprimento da lei que determina que todos os pacientes com câncer atendidos no sistema público de saúde devem iniciar o tratamento dentro de até 60 dias após o diagnóstico de câncer. Inserido no Programa de Navegação de Pacientes para câncer de mama no Rio de Janeiro, o estudo objetivou identificar barreiras à conformidade com a Lei; garantir que pelo menos 70% das pacientes recrutadas com câncer de mama iniciassem o tratamento dentro do período de 60 dias; e construir um modelo que prevê com precisão se uma paciente atende ou não ao prazo previsto na Lei. O estudo apontou não haver cumprimento no prazo para a meta pretendida de 70% de pacientes com câncer, tendo atingido 52%. No entanto, as barreiras que o programa de navegação não é capaz de superar, como a falta de recursos humanos e suprimentos médicos, foram informadas às autoridades de saúde e aos administradores hospitalares. No contexto brasileiro, o Programa de Navegação de Pacientes pode representar uma oportunidade para implementar adequadamente a legislação existente e, como tal, teria um grande potencial de integração nos sistemas de saúde federais, estaduais e locais.
Em segundo lugar, o projeto “Prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama por meio da atenção básica em Petrópolis – RJ”, apresentado por Carlos Vinicius Leite em nome da Faculdade de Medicina de Petrópolis, abordou a capacitação de profissionais da atenção primária e secundária, para qualificar o reconhecimento de sintomas e o adequado encaminhamento das pacientes para as unidades de maior complexidade, visando diminuir a mortalidade e os custos. Para isso, quatro ligas acadêmicas (Saúde da Mulher, Oncologia, Radiologia e Saúde da Família) da Faculdade de Medicina de Petrópolis-RJ foram convocadas para a elaboração de cartilhas sobre o câncer de mama no ano de 2017, dirigidas aos agentes comunitários e aos médicos e enfermeiros. A iniciativa identificou melhora no preenchimento da ficha de referência e contra-referência, além de aumento de 25% nos atendimentos ambulatoriais de mastologia, de 42% nas cirurgias de mamas e de 41% em número de pacientes encaminhadas. Os resultados contribuíram para a elaboração de um fluxograma do atendimento das alterações mamárias junto com a Secretaria de Saúde do município de Petrópolis-RJ, que diminuiu o tempo entre o diagnóstico e o tratamento, e otimizou o acesso das pacientes à atenção secundária.
O terceiro lugar foi conquistado pelo projeto “A influência do enfermeiro navegador perante o diagnóstico e início do tratamento dos pacientes acometidos por câncer de mama na cidade de Goiânia – Goiás”, apresentado por Bruna Queiroz em nome do Centro de Pesquisa Clínica do Serviço de Ginecologia e Mama do Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG). A iniciativa concluiu que, com a presença de uma enfermeira navegadora na instituição de saúde, a paciente tem um atendimento mais efetivo, que pode contribuir para uma sobrevida mais longa, possibilitando ainda um significante aumento nos encaminhamentos para protocolos de pesquisas e, consequentemente, um aumento no número de pacientes randomizadas em estudos clínicos.
O Fórum reuniu representantes de ONGs, instituições de saúde, instituições acadêmicas, pacientes e demais interessados em conhecer novas propostas para auxiliar no controle do câncer de mama no Brasil.
O Fórum contou com patrocínio de Instituto AVON e com o apoio da Rede Feminina Nacional de Combate ao Câncer (RFNCC), Associação dos Portadores de Câncer de Mama (APCAM) e Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG).