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Metodologia inovadora no Brasil seleciona 13 ações prioritárias no enfrentamento do câncer

O Brasil enfrenta um cenário preocupante em relação ao câncer: segundo o último relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mais da metade dos pacientes no país são diagnosticados quando a doença já se encontra em um estado muito avançado. O documento aponta ainda que, desde o agendamento da primeira consulta com o especialista até o retorno para confirmar a hipótese de câncer, a estimativa de espera chega a 200 dias.

Porto Alegre, capital brasileira onde o câncer é a principal causa de mortalidade, caminha para uma mudança de paradigmas no enfrentamento da doença. A cidade foi escolhida para fazer parte do City Cancer Challenge (C/Can), uma iniciativa que tem por objetivo construir um mundo onde os municípios possam promover serviços de câncer de forma eficaz, justa e sustentável. Para isso, a primeira medida foi reunir 15 instituições em um comitê multissetorial e envolver 168 profissionais de 33 instituições e 98 pacientes, que identificaram 88 lacunas na assistência ao paciente. A partir dessas necessidades, foram definidas 13 prioridades de trabalho que começarão a ser aplicadas na capital gaúcha.

“A doença tem grandes possibilidades de cura e de manutenção da qualidade de vida, por isso é inaceitável que seja a principal causa de mortes no município. O C/Can possibilita uma forma inovadora de se mobilizar em prol do enfrentamento da doença – toda a cidade trabalha em conjunto para que o câncer seja visto como um problema que tem que ser combatido em todas as fases do processo”, afirma Maira Caleffi, presidente voluntária da Federação de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) e chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, duas instituições que, junto à Secretaria de Saúde de Porto Alegre, são signatárias do projeto.

O trabalho vai envolver estratégias que busquem viabilizar o acesso ao diagnóstico ágil e terapias essenciais e prioritárias, até a melhoria dos registros de dados sobre câncer, passando por ações que garantam mais eficiência dos recursos e a capacitação dos profissionais das redes de saúde. “Esta sistematização vai melhorar não somente o fluxo do câncer na cidade, mas de qualquer doença, pois conseguiremos otimizar recursos e aprimorar o tempo de diagnóstico e tratamento na atenção primária”, afirma Erno Harzheim, Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, que encabeçava a Secretaria de Saúde de Porto Alegre quando a cidade foi selecionada para o projeto.

Priorizando a assistência

Os 13 objetivos estratégicos elencados pelo projeto visam melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento em tempo oportuno, ampliar a educação do paciente relacionada com a doença e o seu tratamento; melhorar a qualidade do diagnóstico e tratamento, garantir acesso a terapias oncológicas, aumentar a eficiência e otimizar a gestão dos serviços, integrar sistemas de informação, melhorar a vigilância do câncer na cidade, capacitar profissionais de saúde e assegurar a sustentabilidade das iniciativas voltadas ao câncer.

Após a etapa de identificação, serão delimitadas as ações efetivas para concretização de cada um dos objetivos estratégicos. “Por meio de alianças estratégicas com parceiros locais, o City Cancer Challenge acionará uma rede global de especialistas para auxiliar na implementação das ações e para apoiar a captação de recursos necessários para o desenvolvimento dessas melhorias”, informa Stephanie Shahini, gerente do City Cancer Challenge em Porto Alegre. 

Segundo Tatiana Breyer, coordenadora do plano de atividades do C/Can em Porto Alegre, esta forma solidária e colaborativa representa um jeito diferente e inovador de lidar com as necessidades identificadas. “O Rio Grande do Sul é o campeão em mortalidade por câncer, e isso de nada nos orgulha. Por isso, é importante termos o setor público e privado, a sociedade, além do legislativo, executivo e judiciário caminhando lado-a-lado para conseguirmos melhorar a assistência ao paciente”, afirma Tatiana, que também integra a equipe de Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.

Modelo para o Brasil

A partir do desenvolvimento das ações, Porto Alegre poderá servir de modelo para replicar os conhecimentos adquiridos para outras partes do Brasil. Os principais desafios vividos no município também são encontrados país afora.

“O desafio está em aprimorar todo o sistema de assistência ao câncer, que precisa urgentemente ser visto como um problema de atenção básica. Precisamos encarar os problemas de frente, de forma sistêmica, com um objetivo principal em mente: dar mais qualidade de vida e suporte ao paciente oncológico”, afirma Maira Caleffi. “Por meio de uma mobilização efetiva dos principais gestores de saúde da cidade, colaborando com uma otimização dos recursos financeiros existentes, bem como o impulsionamento de soluções sustentáveis para o enfrentamento da doença, é possível mudar a desafiadora realidade vivida pelo paciente atualmente”, conclui a especialista.

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