
Shirley Temple Black faleceu de causas naturais na segunda-feira (10/2) aos 85 anos. Ela foi uma icônica estrela mirim de Hollywood nos anos 30 que mais tarde tornou-se uma importante diplomata. Mas seu maior legado pode ser considerado o seu papel pioneiro na conscientização sobre o câncer da mama.
Em 1972 Shirley Temple surpreendeu o mundo quando falou diretamente de sua cama de hospital em Stanford, na Califórnia, onde se recuperava de uma mastectomia para remover um tumor em seu seio esquerdo. Na época, as mulheres em geral – especialmente estrelas de cinema – não falam sobre seus problemas médicos em público.
Sua franqueza abriu caminho anos depois para ações como a “Corrida pela Cura” da Fundação Susan G. Komen, creditado por ajudar a salvar milhares de vida de mulheres.
"Meus médicos me asseguraram que estão 100 por cento certos de que o câncer foi removido", disse Shirley na época. "A única razão pela qual estou dizendo isso é convencer outras mulheres a ficarem atentas a qualquer nódulo ou sintoma incomum. Há cura quase certa para esse tipo de câncer, se for detectada a tempo."
Depois de ir a público com a sua doença, ela recebeu 50 mil cartas de apoio. A decisão de Shirley de falar ajudou a pavimentar o caminho para outras figuras públicas sobreviventes do câncer de mama, incluindo a ex- primeira-dama Betty Ford e Happy Rockefeller, que escreveram livros sobre o assunto, em um esforço para ajudar outras mulheres com a doença.
Suas contribuições duradouras para a saúde das mulheres foram reconhecidas há cerca de dois anos, quando o Journal for Women’s Health elogiou-a não só como "a primeira figura pública a se apresentar e escrever sobre o câncer de mama", mas também por suas contribuições para o então incipiente movimento de saúde do consumidor.
Quando Shirley sofreu a cirurgia, as mulheres iam rotineiramente para o hospital pensando que estavam indo para uma biópsia de mama e ao despertar descobriam que haviam passado por uma cirurgia de remoção de mama.
Médicos e membros da família, muitas vezes acreditavam que as mulheres não seriam capazes de lidar com a notícia, se elas fossem informadas antes da cirurgia de que precisavam de uma mastectomia. Essa mentalidade, graças em parte aos esforços de Shirley, é considerada inaceitável hoje.
À época, Shirley escreveu para a revista McCall que era ultrajante que as mulheres não tivessem o direito de tomar suas próprias decisões sobre o tratamento, dizendo: "O médico pode fazer a incisão, eu vou tomar a decisão."
Com informações de Newsmax Health