
O último boletim divulgado pelo projeto Mama Alerta, da Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes de Câncer (Abrapac), instituição associada à Femama, revela que a espera para iniciar o tratamento de radioterapia no Rio de Janeiro pode chegar a nove meses. Entre fevereiro e março deste ano, a entidade recebeu seis queixas de pacientes do Hospital Mario Kröeff.
— A demora para marcação está enorme, de acordo com relatos das pessoas que nos procuram. Tem pacientes que aguardam desde o ano passado e que estão sendo marcados agora para iniciar o tratamento. Há uma crise de vagas no Rio de Janeiro. Em São Gonçalo, não há radioterapia. Em Niterói, apenas uma clínica conveniada ao SUS. É um problema de gestão, que requer uma solução de curto prazo, porque o câncer não espera — diz Solange de Oliveira, de 57 anos, coordenadora do Mama Alerta.
Diretor médico do Mario Kröeff, Hiram Silveira Lucas explica que uma das máquinas de radioterapia da unidade está quebrada:
— Estamos com uma máquina em reparo e outra funcionando.
A Clínica Osolando Machado, também conveniada ao SUS, passa pelo mesmo problema, e seus pacientes, encaminhados para lá por meio do Sistema de Regulação Municipal (Sisreg), enfrentam espera semelhante.
Um dos pacientes da clínica, cuja matriz funciona no Hospital do Câncer II, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), é Yuri Guarilha, de 25 anos. Nas redes sociais, ele postou foto segurando um cartaz em que pede socorro: “Tenho câncer e estou há 4 meses esperando a radioterapia”.
Yuri é paciente do Hospital do Andaraí, onde teve um linfoma de Hodgkin diagnosticado em dezembro de 2012. Na unidade federal, passou por 12 sessões de quimioterapia. O foco do câncer no mediastino (entre pulmão e coração) persistiu e ele precisa de radioterapia. Sem o serviço para oferecer, o Andaraí inscreveu Yuri no Sisreg para ser encaminhado a outra unidade.
— A demora é muito grande. No último mês, tivemos três queixas de pacientes do Andaraí — relata Solange.
O pedido de socorro de Yuri Guarilha gerou uma grande campanha nas redes sociais, com centenas de compartilhamentos. Ontem, a família do jovem recebeu da Clínica Osolando Machado a promessa de que ele será chamado na semana que vem para agendar o início do tratamento de radioterapia, na filial do Catete, onde uma única máquina está em funcionamento.
— Fico muito aliviada, porque meu filho não pode esperar mais. No entanto, sabemos que muitas outras pessoas também estão nessa situação, aguardando para fazer o tratamento — diz Monica Cristine Guarilha, de 50 anos, mãe de Yuri.
No Brasil, a Lei 12.732, conhecida como Lei dos 60 dias, em vigor desde 22 de maio de 2013 determina o início do tratamento pelo SUS para pacientes com câncer em até 60 dias a partir do diagnóstico em laudo patológico. O paciente de câncer não tem tempo para esperar o início de cada fase do tratamento, precisa de acesso ágil e tratamento adequado e tem esse direito instituído por lei. O Estado tem o dever constitucional de garantir o direito à saúde dos cidadãos.
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Com informações de Extra.com