
Janeiro é o mês de conscientização sobre o câncer de colo do útero, tumor que acomete a porção inferior do útero. Este câncer é altamente incidente na população feminina sendo o terceiro mais frequente – atrás dos cânceres de mama e de cólon e reto – e a quarta causa de morte por câncer entre as brasileiras. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a taxa de incidência é de 15 novos casos em 100.000 mulheres ao ano e a mortalidade pode chegar a 5 casos em 100.000 ao ano¹. Causado pelo papilomavírus humano (HPV), ele é um dos poucos tipos de câncer que pode ser prevenido. Segundo a Dra. Neila Speck, professora do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) a vacinação antes do início da vida sexual e a utilização do teste de DNA do HPV podem auxiliar na diminuição de novos casos deste tipo de câncer. Conheça mais sobre o tema.
O que é o Câncer de Colo do Útero?
Dra. Neila Speck: O câncer de colo de útero é um tipo de tumor maligno que ocorre na parte inferior do útero, região também conhecida como cérvix. Em estágios avançados, pode comprometer outros órgãos, como a bexiga, o reto, a vagina, comprimir os ureteres e levar à morte por insuficiência renal.
Todo HPV pode virar um câncer?
Dra. Neila Speck: Não, o HPV é um vírus bastante comum na população. São mais de 200 tipos de HPV, cerca de 40 são da região genital, metade deles tem potencial cancerígeno, e os mais agressivos com maior risco de evoluir para pré-câncer ou câncer são o 16 e18. Cerca de 80% das mulheres terão contato com esse vírus durante suas vidas, de forma transitória. Porém em 10% dos casos, o organismo não consegue reagir à presença do vírus e podem ocorrer infecções persistentes, colocando milhares de mulheres em risco de desenvolver lesões pré-cancerosas ou até mesmo o câncer. E essas infecções podem persistir por mais de 15 anos assintomática antes de provocar lesões graves. Se não tratadas adequadamente, pode aparecer o câncer que em fases inicias é assintomático e em fase avançada tem como sintomas sangramento irregular e durante a relação sexual, além de corrimento com mau cheiro e dor no baixo ventre.
Em qual faixa etária o câncer de colo do útero é mais comum?
Dra. Neila Speck: Este tipo de câncer é mais comum em mulheres de 30 a 50 anos, sendo que as de 30 possuem lesões em geral pré-cancerígenas. É raro o câncer ocorrer em mulheres com menos de 25 anos. Ir ao médico e manter os exames ginecológicos em dia é fundamental para prevenir doenças como o câncer.
É possível preveni-lo?
Dra. Neila Speck: Sim, ele é um dos poucos tipos de câncer que é totalmente prevenível. Primeiramente com a vacina antes do início da vida sexual. O uso da camisinha e a realização do Papanicolau anualmente também são fundamentais. Mas cerca de 30% dos casos de câncer de colo do útero ocorre em mulheres com o exame de citologia (Papanicolau) sem alterações². Dependendo da qualidade do laboratório esse índice pode chegar a até 50%. Segundo orientações da Organização Mundial da Saúde, a maneira mais eficaz de prevenir este tipo de câncer é com o rastreamento da infecção com o uso do teste de HPV de alto risco³. Este tipo de análise de biologia molecular possui uma sensibilidade muita alta, permitindo identificar a presença do vírus mesmo em mulheres sem sinais e sintomas da infecção, além classifica-lo. Com isso, é possível saber se a mulher é portadora do vírus e está em risco de desenvolver o câncer. A precisão e confiabilidade do teste permite que, uma vez que a mulher seja avaliada como negativa para o vírus, não precise passar por um novo rastreamento em pelo menos cinco anos.
Fonte: Amazônica Notícias, 17/01/2017.