
O estudo SCALP (Scalp Cooling Alopecia Prevention), que avaliou a eficácia e a segurança do uso de touca térmica na redução da alopecia (redução parcial ou total de cabelos em uma determinada área de pele), foi apresentado em San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS), o maior evento mundial sobre câncer de mama que aconteceu em dezembro nos Estados Unidos. “O estudo se destaca por ser a primeira vez que esse dispositivo é testado de forma prospectiva e randomizada entre pacientes com a mesma doença”, afirma o oncologista clínico Gilberto Amorim, membro do Conselho Científico da FEMAMA e da Comissão Ética da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
O resfriamento do couro cabeludo provoca vasoconstrição cutânea, reduzindo o fluxo sanguíneo para os folículos pilosos no período de maiores concentrações plasmáticas dos agentes quimioterápicos, o que diminui a captação desses agentes. O resfriamento reduz também a atividade bioquímica dos folículos pilosos, tornando-os menos suscetíveis ao dano dos agentes quimioterápicos.
Em dezembro de 2015 o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro equipamento de scalp cooling, o DigniCap. O estudo SCALP utilizou o Orbis Paxman Scalp, composto de uma unidade de refrigeração onde se conecta a touca térmica que atinge a temperatura de 17 graus. Foram randomizadas 182 pacientes, 2:1, com câncer de mama estádio I ou II, tratadas com quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante à base de taxano e/ou antraciclina. No total, 119 mulheres usaram a touca durante 30 minutos antes da sessão de quimioterapia, ao longo dela e 90 minutos depois. Todas as 63 pacientes do grupo controle tiveram queda de cabelo, enquanto que metade das que usaram a touca não apresentaram esse efeito colateral ao tratamento quimioterápico.
“O resultado é muito interessante porque a perda de cabelos durante o tratamento contra o câncer é um drama, principalmente para as mulheres com câncer de mama”, diz o Dr. Amorim. “Elas são expostas a quimioterápicos que levam a esse efeito adverso, algo que impacta a autoestima dessas pacientes”, completa.
Segundo o oncologista, o benefício da touca foi ainda maior para pacientes em tratamento com quimioterapia à base de taxano. “Cerca de 65% dessas pacientes não tiveram queda de cabelo. Entre as que receberam quimioterapia à base de antraciclina, o benefício foi em torno de 22%”, explica. “O equipamento não é algo que poderá ser utilizado durante a quimioterapia para todos os tipos de câncer e nem funcionará para todos os pacientes”, alerta. “Ainda assim, o resultado é positivo e importante porque ainda não tínhamos dados científicos sobre a utilização do equipamento”.
Com informações da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), 16/12/2016