A descoberta de uma doença nunca é algo fácil. No caso do câncer de mama, para muitas pacientes, o impacto psicológico que a doença causa pode desencadear a depressão. De acordo com a psicóloga clínica, Tais Ribeiro, a ocorrência da depressão nesses casos é comum, apesar de não ser frequentemente diagnosticada. “É um desafio diferenciar o que caracteriza um quadro de depressão instalado de uma tristeza ‘normal’, pois uma coisa é a pessoa estar triste e abatida e tentar superar, e outra é a depressão (tristeza e apatia) mais duradoura e persistente”, explica. A profissional atua como psicóloga clínica na Associação do Câncer Amor Próprio, ONG associada à FEMAMA em Itajaí, Santa Catarina oferecendo atendimento às pacientes e se envolve em palestras e outras atividades.
Ela alerta que os efeitos da doença psiquiátrica podem influenciar, inclusive, no tratamento do câncer, pois nas pessoas deprimidas, os recursos emocionais são mais escassos e podem dificultar a adesão ao tratamento.
Para entender melhor como a depressão se caracteriza, é importante saber que ela gera sintomas biológicos e psíquicos espontâneos, aparentemente desproporcionais em intensidade e duração aos acontecimentos que os provocaram. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM – V), caracteriza-se como depressão pelo menos cinco ou mais dos seguintes sintomas persistentes por mais de duas semanas:
– Humor deprimido na maioria dos dias;
– Perda ou ganho de peso sem estar de dieta;
– Aumento ou diminuição do apetite;
– Insônia ou outros distúrbios do sono;
– Fadiga e perda de energia;
– Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada;
– Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão;
– Preocupação com a morte e ideação suicida;
– Dificuldade de concentração;
– Crises de choro.
Existem diferentes tipos de tratamento da depressão, que ajudam a atenuar os efeitos da doença, inclusive, em pacientes com câncer. As principais possibilidades de tratamento, segundo a psicóloga Taís, são:
– Medicamentos (geralmente antidepressivos);
– Psicoeducação (discussão conjunta sobre os efeitos colaterais e expectativas de tratamento);
– Psicoterapia desde o diagnóstico, pois o controle da depressão ajuda o paciente com câncer administrar melhor a doença;
– O objetivo principal da terapia é despertar no paciente o enfrentamento da doença e no desenvolvimento das habilidades na resolução de problemas;
– As técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental são indicadas;
– Grupos de apoio apresentam bons resultados aos pacientes com câncer que apresentam depressão.
O apoio de pessoas próximas e algumas atividades também podem ser fundamentais para complementar o tratamento. Conforme a profissional, as principais são:
– Atividade física é essencial, pois essa prática facilita a liberação de hormônios que aumentam a sensação de bem-estar e disposição;
– Psicoterapia para auxiliar na recuperação da autoestima;
– Apoio familiar e dos amigos são imprescindíveis nesse momento;
– Se possível continuar com a vida profissional;
– Dança, arte terapia e atividades lúdicas, são aliadas nesse processo;
– Alimentação o mais saudável possível.