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Um terço dos brasileiros vive em cidades sem hospitais com tratamento contra câncer, diz estudo

Um estudo da Controladoria Geral da União revelou o tamanho assustador de uma dívida do nosso país com os cidadãos. Um terço dos brasileiros que vivem em cidades não tem hospitais do SUS com tratamento contra o câncer.

Onze meses. Foi o tempo que a Cleide teve de esperar para conseguir uma vaga para fazer a primeira sessão de quimioterapia. Ela tem um câncer no colo do útero há quatro anos. Os médicos ainda não sabem quando vão fazer a cirurgia. “Tô com 11 meses, mais ou menos, que tô correndo atrás desse tratamento. Agora que consegui”, afirma a agricultora Cleide Oliveira.

Cleide mora em Iranduba, há 20 quilômetros de Manaus. O Amazonas tem só um hospital para tratar pacientes com câncer, a Fundação Cecon, Centro de Controle de Oncologia do estado.

“Poderia ser uns oito, porque pelo menos abraçava essa causa e a gente descobria a doença muito mais rápido. Se tivesse pelo menos três aqui no Amazonas já seria bem especifico, assim, para a gente ser melhor atendido”, completa a agricultora.

Três? Oito? O relatório da Controladoria Geral da União afirma que o Amazonas precisaria de pelo menos oito hospitais habilitados para o tratamento do câncer. A Cleide e pelo menos um terço da população brasileira, mais de 66 milhões de pessoas, vivem em regiões sem hospitais oncológicos. Regiões que a CGU chama de vazios assistenciais. São várias espalhadas por todo o país.

O Maranhão, por exemplo, tem três hospitais; o ideal seriam 14. O Pará tem quatro; deveria ter 17. Goiás tem cinco; quando precisaria de 14. Sergipe tem dois; cinco seriam necessários. Nem o Sudeste, região mais rica do país, fica de fora desses vazios. Osasco, em São Paulo, na chamada Rota dos Bandeirantes, tem 700 mil de habitantes e nenhum hospital habilitado em oncologia.

A Maria Alice também sabe o que é viver num desses vazios. Mora em Santa Inês, a 250 quilômetros de São Luís, no Maranhão. A rede pública não faz mamografia. Ela precisou ir pro Piauí, viajar mais de 300 quilômetros, para conseguir fazer o exame: “Fiz em Teresina. Ainda paguei as passagens, tudo. Aí fica mais difícil para a gente”.

O estudo da Controladoria Geral da União constatou, ainda, que vários hospitais não cumprem as metas exigidas pelo Ministério da Saúde, como o número mínimo de cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia. E, hoje, são apenas 300 hospitais habilitados para o tratamento do câncer em todo o país. A CGU calcula que faltam outros 200 novos hospitais.

E segundo a controladoria, em tempos de orçamento enxuto, o Ministério da Saúde precisa melhorar o controle do que já existe. “Fazer uma melhor gestão dos recursos. Primeiro, utilizando os recursos que estão indo para hospitais que não estão cumprindo o mínimo. Para conseguir cumprir, suprir a demanda desses vazios de atendimento. Melhorar o monitoramento pra, a partir daí, ter certeza quanto de recursos que a gente vai precisar e se vamos precisar”, destaca secretário federal de controle interno da CGU, Antonio Carlos Leonel.

Segundo o Ministério da Saúde, a habilitação de novos serviços oncológicos deve ser planejada por estados e por municípios e a ampliação desses serviços considera parâmetros populacionais e estimativas de novos casos. O ministério afirma que o plano de expansão da radioterapia vai ofertar cem novas soluções, com a compra de aceleradores lineares e que outros 42 equipamentos estão sendo adquiridos por meio de convênios.

A Secretaria de Saúde do Amazonas afirmou que a paciente mostrada na reportagem foi atendida e recebe todo o tratamento necessário. E que o estado tem um plano de atenção oncológica que prevê o credenciamento e habilitação no SUS de mais três unidades de assistência de alta complexidade em oncologia na capital e quatro no interior.

 

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Fonte: Jornal Nacional, 30/11/2018

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